segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Mãi, vô morar com a Marieta!

Então, depois desses tempos todos aqui no blogspot resolvi que está mudar de casa.
Já mandei a mudança ali para o http://doisacrobatas.wordpress.com e aguardo vocês por lá. Postei coisas novas para receber todo mundo com coisas frescas tambem. Clima de casa nova sempre faz a gente de animação.

Sejam bem vindos: http://doisacrobatas.wordpress.com

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Eu te conheci e entendi que liberdade também é escolher ficar.

Você iria entender que eu ronco quando estou cansada, que nunca consigo chamar o garçom e se você não fingir que está tudo bem vai ficar mais difícil. Vai descobrir que quando eu te dei aquele anel era a minha forma silenciosa de dizer que eu queria você pra mim, sem te assustar. Que depois da sua orelha o que mais gosto em você é a sua textura.
Enquanto você falava sobre aqueles planos todos de vida, eu ia sentindo um medo terrível de ouvir, porque era tão bonito e eu já me via colocando as bóias de braço nas crianças enquanto você tirava as coisas do carro...
Nós conhecemos tanta literatura, tanta musica, que nossas playlists ficam se esbarrando...
Alem de você ser dessas artes, tem esse querer que as crianças possam sonhar nas paredes da casa e eu cuidaria da parte de colocar minha infância nisso: misturando os Três Tenores, Marisa Monte e Tintas.
Você sempre vai poder dormir no meu ombro depois de tudo, mesmo que já tenha amanhecido e eu já tenha amanhecido, pois vou ficar lendo na cama até a gente acordar junto.
Porque você ama seu irmão e eu amo a minha irmã e nossos irmãos provavelmente vão se amar um pouco, porque eles são geniais demais nas nossas vidas.
Quando chegar o fim de semana ou feriado vamos juntar nossos melhores amigos e nossas melhores famílias (sim, porque não precisamos amar a família inteira), vamos ficar bebendo e conversando. Você interagindo com o mundo enquanto eu dou duro no baralho, na sinuca e disputas pelo nome da nossa família.
Fica combinado de você me ensinar das teorias e eu te reexplicar sobre o futebol americano todas as vezes que você ficar com aquela cara de perdida. Tudo isso em manutenção constante para que sempre fique um sorriso pendente, porque sou mais feliz quando você faz esse olhar tão inesperado quando fica admirando tudo.
Quero manter isso, com cuidados e carinho para que a gente nunca precise se afastar demais.


PS.: A moça de verde ali no canto acaba de perder uma possibilidade de grande amor. eu também.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A case of you

Temporariamente deixei de entender que as coisas poderiam dar certo entre a gente. Passaria o sábado pensando nas atitudes de rigidez que Carlos teria quando fosse necessário falar que não me agradava mais sua toalha molhada em cima do meu lado da cama, que não pertencia a mim qualquer sentimento que relevasse esse incomodo.
Cecília trouxe flores e eu não esperava por visitas. Desviou tanto minha atenção aquela série de dedicações inesperadas e há tanto tempo esquecidas.
Preparei a maquina para um café enquanto ela colocava as flores na água com a naturalidade de quem convive comigo e me encanta todos os dias com o mesmo habito.
Foi num sábado de pensamentos que preferi calar as ideias pra entender o que me ocorria. Ela estava entrando na minha vida e isso era a única coisa que eu poderia dizer sobre tais sequências:
Colocou um cd no radio e não precisava dizer mais nada porque eu já estava fora de mim pra comentar qualquer ato espontâneo.
Levei o café para a sala e ela estava no chão com a cabeça no sofá, os olhos fechados em espera, a melhor música do mundo girando no rádio como na época de nossas vitrolas.
A case of you passava enquanto eu voltava cantando and i love her para buscar o açúcar.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011




alcoólatras já não tremem mais,
putas programadas já acalmam com carinhos públicos.
trocando pernas ergue tua ancora do bar
e segue na chuva dos táxis,
nas molduras dos prédios da noite crescida.
o garrote esquecido no braço aperta é o pescoço,
o colarinho largo desse terno.

domingo, 21 de agosto de 2011

Uma proposta desencabulada

Vamos ficar de conchinha espreguiçando o dia que se amanhace todo espalhado de sol e depois do café assentado ficar digerindo a manhã com cafunés e cochichos?
Vamos passar o dia peladas, andando pela casa, fazendo yoga com a tv desligada e o som rolando rolando rolando pelos teus meus ouvidos?
Depois descansamos e nos amamos e sestamos aquele soninho gostoso que acorda pr'um inicio de anoitecer de estrelas dentro de um céu grandão que a nossa janela aberta reduz a uns dez pontinhos brilhantes?
Vamos ficar escutando os passos rápidos dos vizinhos do andar de cima, cheios de pressa e a gente de boresta só preguiçando nossas novas vontades, misturando saliva cosquinha sorvete briecomgeléia aperto abraço remanso?
Vamos ficar caçando palavras de carinho e pontilhando pé-cabelo-bunda-orelha-nariz-seio-perna-nuca-queixo-coxa-dedos pra ver que desenho se formará nessa cama imensa?
Vamos ficar de ousadia dançando no escuro com os braços para o alto e depois rir desavergonhadamente até cansar?
Vamos, dengar até o dia seguinte expulsar a gente do quarto, nos obrigar a colocar roupas para comprar novos pães, novos fetiches, alimentar nossos olhares dos olhares que nos admiram de mãos dadas, olhos brilhando? Depois de tudo a gente volta para casa, alimenta os gatos, se alimenta. E ficamos deitadas, descansadas, esperando...

sábado, 13 de agosto de 2011





Ter a liberdade nos neologismos
e se necessário
brigo com teóricos para
redefinir saciar, Sassá
reaprender a sassiar.


sexta-feira, 29 de julho de 2011

Não hesite, Amor, são só feromônios compatíveis.



E sobre estas pernas bambas a andar por ruas, sob esse céu comprido que se abre em estrelas para nós, Pequena. Tua estatura, teus dedos médios, os olhos sempre em tons de admiração pelas coisas, crianças, paralelepípedos irregulares...
Teu hedonismo tão apurado e essa forma de acarinhar os cabelos, recriando instantaneamente novos conceitos e definições para rebeldia.

Foto: Clara Mazini

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Revistas de folhas espalhadas
Armando pistas,
erguendo rastros, fatos
de detalhes arqueológicos.

e ficou marcado
no conceito antigo
dos escavadores de espaço
que encontram o vazio

e números com códigos
serão ramificados em pontes
aos registros

resta agora esperar que resistam,
que revistem a casa
e não te encontrem desprevenido

sábado, 23 de julho de 2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Entenda, eu estou tentando entrar na sua história...

penso nas alternativas que tenho para te deter
tentar controlar esse movimento espontâneo que invade o dia
muda a fala
diminui o diâmetro do abraço

Meu tom pejorativo não modifica a narrativa

aquele instantâneo sobrecarregando essa sua imagem presa ao passado
a face escura ou triste desse objeto que instalamos entre nós,
daquela carta suspensa pelo correio
talvez fosse preciso um, dois ou mais minutos dentro de anos de paciência.
estes ambientes selvagens
nessa mudança climática

terça-feira, 19 de julho de 2011

como aquela casa na árvore, as folhas ficavam caindo com qualquer vento. era bonito deitar e ficar olhando entrar pela janela aquilo tudo: luz, folha, vento
Os saltos acrobáticos que dávamos para descer daquele um metro e meio de altura tão alta, tão longe do chão.
Estou um pouco envelhecido com essas lembranças, mas tenho medo de formatar isso.
Você sabe que minha mãe ainda mora naquela rua e nem árvore tem mais por alí? Cada vez que visito acho mamãe mais sozinha e perdida, aquela única casinha no meio da alcatéia de prédios. Talvez a gramática precise reformular esses substantivos coletivos...




Não podemos desbravar esses papéis em branco sem dar nomes. Não acho que essa distância quilometrada seja ruim, apesar dos contratempos, dos dias corridos e apertados dentro de funções que não se diluem com a matemática dos livros. A lonjura que mantemos das coisas para nos resguardar já é suficiente para que "se extinga o fogo na cozinha da casa".

Foto,texto, titulo: R. Villaça
referencia: F. Gullar(Poema Sujo)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

metros cúbicos preenchidos com fumaça



"Essa morte constante das coisas é o que mais dói"

Claro que já passamos da época,
vinte anos a menos e não seriam esses contraventos que iriam te segurar.
Espantoso é pensar como tanta coisa sumiu

"Um lance de dados jamais abolirá o acaso."



"Quando as nossas entranhas se arrepanham
E uma vaga sensação parecida com um medo
- O medo ancestral de se afastar e partir,"

Titulo: Mallarmé
Texto: Alvaro de Campos
Foto: Ella

domingo, 19 de junho de 2011

Lembrando histórias de um tempo



estava cansado de argumentar coisas que não partilhavam, eram necessidades diferentes...
mas isso ficou categoricamente invisível, conforme fomos criando condições, romances ordinários, poesias que já não funcionam.
isso depõe contra nós.
não ilustra nosso indesejável desmaio...
e uma vontade agonizante e organizada invadia o texto
calando lições de embaraço e a tal função das coisas.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

"Quando Ismália enlouqueceu"...




é esse mar que vem vindo,
ondas e ondas que arrebentam
e se dilaceram sobre o ar

sentada nesta escrivaninha
penso que nao conseguem me atingir
me surpreende a tarde
corro para a orla

sento, choro
ondas e ondas me arrebentam
e me dilaceram frente ao mar

terça-feira, 14 de dezembro de 2010




é importante que eu lhe conte dessa ferida aberta
antes dos reis, padres, cartolas
existia o amor e seus formatos,
nada alem disso e tudo ao redor

é necessario que eu lhe apresente essa ferida aberta
levemente cicatrizada
ao redor tudo permanece imovel
menos a dor

acompanho esta ferida
o retorno dos traços
a evoluçao da tragicomédia
o desenlaçar dos vinculos

sem guerras, sem muros
avanço sobre este campo minado
e existe paz

sábado, 11 de dezembro de 2010


"Eu dizia "Apareça"
Quando apareceu
Não esperava
Um dia me beijou e disse:
"Não me esqueça"
Foi embora
E só esqueci, metade..."

Trecho: Adriana Calcanhoto
Foto: Ella

terça-feira, 8 de setembro de 2009

desligo todos os canais: meus veiculos de informação não te avisam de um momento de febre que é minha maxima felicidade.

domingo, 2 de agosto de 2009

les chansons d`amour



Le mystère de tes yeux là
Ce mystère qu'en faire ?
Tu ne sais pas
Le secret de ton état
Les secrets, j'en ai des tas
Cette barrière entre nous
Cette barrière qu'en faire ?
Ce garde-fou
Passer la frontière de ton état
Les pieds sur tes terres
Regarde-moi

Il faudra bien que tu t'avances
Si on veut combler la distance
Entre nous
Il faudrait t'accrocher plus fort
Si tu veux t'accrocher encore
A mon cou

Sur tes terres, il fait si froid
Cet hiver qu'en faire
Ne vois-tu pas ?
Que du sol au ciel de ton état
Tout n'est que gel
Réchauffe-toi

Il faudra bien que tu t'avances
Si on veut combler la distance
Entre nous
Il faudrait t'accrocher plus fort
Si tu veux t'accrocher encore
A mon cou


Le mystère de tes yeux là
Ce petit mystère il tient à quoi ?
Se pauvre mystère en sale état
N'a rien à faire entre tes bras.

domingo, 26 de julho de 2009

e algumas aspas...

Perto de fatos mal colocados
está essa janela adormecida
entre páginas arrancadas
entre esquinas vazias
minhas prateleiras
de pensamentos.
do silêncio ao caos.
talvez eu possa dizer
que apesar do meu desconserto,
tudo parece estar bem.
uma porta segura na dor.

"As dores são as dores comuns, as flores são de papel crepom

era aquilo e pôs em risco todo meu impulso
solto e leve
para toda a queda e caindo caindo caindo caindo
Atingindo até os corações das certezas traídas
mas precisava nascer, vir a tona a lama

terça-feira, 30 de junho de 2009

Não porque da varanda atiro pérolas




É porque "eu nao moro mais em mim" e a consequência disso é nao poder morar nos outros.
e ter que ficar vagando,
me dilacerando em toda parte,
um pouquinho em cada tarde de inverno sozinha.


Foto: Carolina

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia de desanuviar




"Alguma coisa em ti
Só sabe existir assim,
Ao montes
Uma simples risada tua
Toma a boca
O quarto, a rua
Toma a minha tarde inteira."

Foto: R. Villaça
Texto: Clara Mazini (http://o-ultimo-apague-a-luz.blogspot.com/)

Não, isso também não é verdade





Mesmo quando guardo dentro das coisas essas palavras de paisagem ou simplesmente arrisco um pouco de rimel

sexta-feira, 29 de maio de 2009

quem sabe agora
hoje
cedo
manha nunca mais
antes de tudo
hora
antes
antes de partir
com tantas
partes
pontes
pedras
tantas por ai
que agora pouco
muito tempo
nao
adiante mais

segunda-feira, 6 de abril de 2009

el lado mas bestia de la vida




"ríamos, sim,
mas
era como se nenhum afeto valesse
como se não tivesse sentido rir
numa cidade tão pequena."


Foto:Barbara Marques

saudades fúteis





de repente era isso, essa sua coisa de tirar e pôr
como uma forma de rever todos os pontos
pouco tempo e essa forma nova de rir
pronto, não era isso exatamente que eu queria dizer
já mudei tantas vezes de idéia
agora essa ultima, absurda e desfocada por conta desses arranhões nos óculos.
é preciso reorganizar os cadastros, te colocar no lugar exato para que não se sinta mal caso eu lhe pergunte de casos passados, daquela tal pessoa que você era


Foto e Texto: Rafaella Villaça

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Para não esquecer

O Livro sobre Nada

Manoel de Barros

-Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.
-Tudo que não invento é falso.
-Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
-Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
-A inércia é o meu ato principal.
-Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
-De tudo haveria de ficar para nós um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra — Como um lápis numa península.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

terça-feira, 2 de dezembro de 2008




"Fiquei de repente calado e sentido a coisa que me dá de vez em quando, nas ocasiões em que os dias ficam compridos e isso começa de manhã quando acordo sentindo uma aporrinhação enorme e penso que depois de tomar banho passa, depois de tomar café passa, depois de fazer ginástica passa depois do dia passar passa, mas não passa e chega a noite e estou na mesma, sem querer mulher ou cinema, e no dia seguinte também não acabou. Já fiquei uma semana assim, deixei crescer a barba e olhava as pessoas, não como se olha um automóvel, mas perguntando, quem é?, quem é?, quem-é-além-do-nome?, e as pessoas passando na minha frente, gente pra burro neste mundo, quem é?"
A força humana -rubem fonseca


Foto: R. Villaça

pra te dar coragem quando a noite vem...



dos que têm fome
que morrem de vontade
secam de desejo
e ardem


Foto: Fabiana Veloso.

Mas agora sem planejar, embora planejes há tanto tempo





ja não estranho quando se jogam de telhados
aos poucos vão crescendo números
é alarmante
mas entendivel
a vida aperta demais
danifica o risco
e põe a perder
como um peso
comparo a uma busca
imagine a intenção mas nunca chega
é como viver rodeando pra encontrar uma palavra
mas não existe forma
existe o sentido mas não encontra a forma
isso vai gerando a tal dependência
a necessidade das fugas
meios práticos
resoluções rápidas
e isso cresce
porque vão chegando coisas sem permissão
vemos ouvimos
tudo goela abaixo
isso gera ânsia
vontade de contornar, tirar a pedra, reduzir os custos.
mas só chega a intenção, nao o concluir
porque não acaba nunca
a mão que agora estava cheia -pronto!- tá vazia de novo.

E no escritorio em que eu trabalho

terça-feira, 25 de novembro de 2008

te dou a lua amanha



Vendo em velhas fotos meu rosto onde não estás,
a face em que estás como dor, esquecimento,
penso em que estarão fazendo na China agora
com tanta tristeza como a que caía em mim,
ou crescerá como outro outono humano
cheio de ouros, de doçura,
como um fogo no meio como teu nome, ou seja
crepitarás ente os lótus de Hangchaw debaixo de outubro
como quando encontrei a justiça no mundo
e era como teu rosto,
melhor dizendo: te amo

Texto: Juan Gelman
Foto: R. Villaça

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ela em silencio deve saber do meu sorriso.



ficasse assim
sobrando pano pra manga
expressões pessoais
coisas afins
cafés viajantes pra arejar o dia, uma gripe estrangeira
Sirenes de carros avisam:
"se a menina é louca/ se a tristeza é muita"
vaos,escadas,
o que falta é coragem

ou figura fácil em cartas.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

acrescentando decibéis ao meu alfabeto

mas isso ficou categoricamente invisível

sem pedidos, guardas, insistências e atrás das coisas haviam as outras coisas que também tinham suas proprias vidas e uma inquietude certa.
essas que a gente não pensou....
e minimamente iniciou-se um processo que não sei nomear

essa cidade, as chuvas sendo as mesmas dentro das mesmas noites de inverno e todas as outras estações do ano
temo escorregar dentro de uma poça d'agua.

era um Golpe de Estado

por favor
apague meu cigarro
misture meus enredos
mas avise que o samba não passa mais por aqui

na superfície macia das coisas

todo homem sozinho devia fazer uma canoa e remar para onde os telegramas estão chamando.

"deixa eu te dizer (...) que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente(...)" caio f. abreu

(pelo jornal o mundo acabou)


havendo tremores mansos dentro da casa comovida por espaços vazios, tão vazios quanto ocos ou talvez um pouco solitários também.


São Sebastião crivado
Nublai minha visão
Na noite da grande
Fogueira desvairada

"nossa época tem necessidade de violência"




sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Há um desquite que a metáfora não alcança


nessa cidade de mais de dois milhões de frustrados, sou um deles e a gente sabe que cada janela pode dar para uma praça que dá para toda a solidão do mundo...
(penso em entender que minha gota de bile, minha careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes)
criam-se forças para arrumar protestos, organizam-se bases esperando, esperando melhor.
desligo todos os canais: meus veículos de informação não te avisam de um momento de febre que é minha máxima felicidade.
passo para tras essa história de controles
quero uma tv de plasma, uma realidade plana mesmo.

Esses desertos, morena, que disfarçam o solo


foi esse azul que você tem sobre a cabeça
o tom claro das suas costas
e essa tua voz que não sai,
teus movimentos de vida e morte
e porque gosta de umbu.
e foi quando você ficou muda que eu enlouqueci
e metade de tudo ficou perdido e suspenso pela sala-quarto-cozinha do meu caminho.
depois apareceram as rodas, os cavalos, os navios negreiros: esses barcos.
resta arrumar a mala ou qualquer parábola a respeito disto.
mas a gente vai levando, a gente vai levando
(não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Então eu te disse que me doíam essas esperas...


Explico:
havia eu e o sol, aquelas coisas todas
O sustar de um trovão antes do assustar das crianças.
mas nada disso faz de mim um ser humano assim.
E na mesma medida havia o pânico de se sentar na poltrona da sala e contornar séculos de sons e ruídos.
mas por favor, entenda, estou entrando na sua história.
foto: R. Villaça

Não, meu bem, não adianta bancar o distante...


essa sua forma de recorrer ao futuro
impulsionando um salto sobre o cotidiano
uma coloração que vai reduzindo o cerco
reduzindo o espaço
só que minha cicatriz existe



"Não choro mais. Mas só muito mais tarde, no meio duma noite de possessões incompreensíveis, mesmo que depois venha o tempo do sal, de tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser.me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo"
Foto: R. Villaça

para uma avenca partindo


essas cores
agora esse vermelho te preenchendo a sala, os quartos, um coração.
parece que te ocupas com desassossegos invisiveis...
Foto: R. Villaça

quinta-feira, 24 de abril de 2008

o quanto você quer, me diga, com um frio na barriga,
proclamar norte onde seu nariz aponte, se livrar do que não
interessa, com força, abrir a cabeça, meter pés
pelas mãos, com pressa, não importa, sentar no escombro
ombro a ombro com a obra, me diga me diga, com um frio na
barriga, quanto tempo perdido, quanto reais no bolso,
quantos livros não lidos, quantos minutos de espera,
quantos dentes cariados, me diga o quanto você quer isso
tudo
e para onde quer que envie, se você quer que embrulhe


Angélica Freitas.





Todo dia o sol levanta
E a gente canta
Ao sol de todo dia
Fim da tarde a terra cora
E a gente chora
Porque finda a tarde
Quando a noite a lua mansa
E a gente dança
Venerando a noite

canto de um povo de um lugar - Caetano.


Foto: R. Villaça

e se vou mal é porque sou obrigado.
todos sabem, está por aí.
se informe, descentralize:
vá. se mande. faça das suas.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Cariocas são bacanas.



Foto: Victoria Ruiz





Estao indo embora
os cinemas da minha rua
as adegas de esquina
batendo em retirada
e nao restará fresta
nas barbas beats
dos poetas homos,
no gas butano
das grandes tragédias.

"Amigos morrem,
as ruas morrem,
as casas morrem.
Os homens se amparam em retratos.
Ou no coraçao dos outros homens."



ferreira gullar

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008


como um buraco dentro da história, desligando motores.
( um grande fator fortalece as indecisões)
uma massa de ar também pesa demais, cria calos
confrontos
dois tempos para causas partidas, meio amarga essa situação
um sopro
uma seta
aterrizando saudades
arrastando maravilhas
(menos intensidade, talvez só precise de um batom)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

mas a vida tão fora de lugar
em outro hemisfério
Enquanto tudo derrete
Enquanto tudo parece
te reter

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

ERVA MATE PAGLIOSA

a água chiando sem ferver...
e tapo a cuia em movimentos incertos
enterro a bomba tapando a ponta com o polegar esquerdo
enterro até o fundo do cestinho
fingindo saber observar o nível certo
adiciono no espaço vazio a água.
mateio, ronco
e passo em silencio para a cômoda ao lado
a cuia vazia.

bebi até a gota,
até cair nos letreiros das cidades,
pra poder receber o teu recado
- Pode nao responder pois seu status está definido.

Um Deliniador

Marcava os lábios
Pintava boca
pra disfarçar O cara
Dissimulava os pentes ou penteados
e subia na rua com salto inquisição
meia bota de solteira
10 centímetros de contramão
Saia justa, besteira.
blusinha enfeitada, é pouco.
malhado? na hora - levantamento de corpo...

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Iniciar v. t. 1. Dar princípio a; começar. 2. Ministrar as primeiras noções; informar. 3. Admitir aos mistérios e cerimônas (de ordem ou seita. P. 4. Ser admitido; entrar. § iniciação sf.; iniciador (ô) adj. e sm.